Confira o Rico Matinal de hoje - 20/10/2020
Insight Rico: Trump, Biden e o ESG
(por Júlia Aquino)
Faltam só 2 semanas para as eleições presidenciais dos EUA e o mercado continua de olho na disputa entre Donald Trump (Republicano) e Joe Biden (Democrata). O interesse no resultado dessa corrida é grande porque ela deve influenciar nos mercados globais com possíveis alterações na política econômica e nas relações internacionais da maior economia do mundo.
As pesquisas eleitorais nacionais mais recentes indicam que Biden lidera a corrida pela presidência com vantagem de 10,8 pontos, a maior desde o começo do ano. Segundo o agregador de pesquisas do FiveThirtyEight, a intenção de voto de Biden é de 52,5% contra 41,7% de Trump em 19/10.
De acordo com o modelo preditivo do mesmo site, hoje a probabilidade de Biden ganhar a maioria dos votos dos delegados é de 88%, enquanto a de Trump é 12%. Essa previsão é feita com base em resultados de pesquisas de intenção de votos nacionais e estaduais, além de informações demográficas e histórico de eleições dos estados.
Além disso, a probabilidade do Senado, que atualmente tem maioria republicana, ter predominância democrata após as eleições de 3 de novembro vem crescendo desde o fim de setembro e está em 74%.
Você pode ver as previsões completas do FiveThirtyEight para as eleições presidenciais aqui e para o Senado aqui. Para baixar os dados de pesquisas e do modelo preditivo, é só clicar aqui.
O avanço do ESG
Com Joe Biden consistentemente à frente na disputa pela presidência, as propostas democratas também ficam cada vez mais em evidência e o mercado busca entender melhor os possíveis impactos de cada medida prometida.
Dentre os temas da agenda Biden, o meio ambiente é um dos mais importantes para seu eleitorado. Segundo pesquisa do Pew Research, o assunto é o quarto mais relevante para eleitores do partido nesse pleito — 68% apontam o tema como “muito importante” na hora de escolher seu candidato à presidência. Em comparação, apenas 11% dos republicanos dizem o mesmo.
Se Biden for eleito presidente dos Estados Unidos, temas de ESG (sigla em inglês para Meio ambiente, Social e Governança) devem ganhar mais força no país, assim como investimentos que levam em consideração esses critérios. O candidato tem propostas focadas em energia limpa, com investimento em estrutura e incentivos fiscais para o setor de energia elétrica renovável. Biden ainda é a favor da ampliação de legislações punitivas para corporações e indivíduos que causem danos ambientais.
Existe uma movimentação dos investidores de todo o mundo em direção a portfolios alinhados com os princípios ESG nos últimos anos e, apesar do tema não ser prioridade no atual governo, isso fica ainda mais evidente no mercado americano.
Nos Estados Unidos, 1 a cada 4 fundos já considera os critérios ESG na seleção dos investimentos. Caso Biden ganhe, o que de acordo com as pesquisas e modelos é cada vez mais provável, essa busca das empresas por práticas alinhadas à agenda ESG deve acontecer de forma ainda mais intensa.
É importante lembrar que para colocar em prática seus planos para o meio ambiente em caso de vitória, Biden também depende de aprovação no Senado e na Câmara de Representantes. Essa última tem maioria Democrata, e o resultado das eleições para as 35 cadeiras no senado pode alterar a configuração atual do Senado, com maioria do Partido Republicano. Caso os democratas controlem o Congresso, Biden teria o melhor cenário para aprovar as medidas que desejasse na pauta de meio ambiente.
Refletindo os interesses do eleitorado republicano e em oposição a Biden, Trump não apresentou plano ambiental em suas propostas de campanha, apesar de propor novos projetos para o setor de energia. Caso seja reeleito, não são esperadas grandes mudanças nas políticas ambientais do governo americano.
Se governos impulsionam e priorizam os temas ambientais e de sustentabilidade, é natural que eles tenham um alcance maior. Mas não é só a eleição que influencia nisso: cada vez mais os próprios investidores, as empresas e a sociedade em geral assumem a frente nesses temas, incentivando as práticas alinhadas a pauta ESG. Por isso, esse movimento deve avançar daqui para a frente ainda que não seja uma prioridade do próximo presidente americano.
Resumo do dia: Diferenças "reduzidas"
(por Paula Zogbi)
Disco furado? Mais uma vez, o tema de destaque para os mercados é o novo pacote de estímulos à economia dos EUA. Ontem, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, conversaram e "reduziram as diferenças" sobre a proposta, segundo seus assessores. Hoje é a data que a republicana fixou como limite para chegar a um entendimento antes das eleições no dia 3 de novembro.
Os futuros de bolsa americanos abriram em alta de 0,7% nesta manhã após 4 dias de quedas. Na Europa, o Stoxx 600 reverteu a alta da abertura para uma leve queda de 0,2% com preocupações acerca do covid-19.
Para combater a segunda onda de infecções, a Irlanda terá restrições mais severas que nunca. O País de Gales pretende aplicar lockdown. A Europa como um todo vem apresentando novos recordes de casos - veja abaixo em gráfico da Statista.
No Brasil, o Ibovespa descolou do resto do mundo ontem, fechando em alta de 0,35%. Ajudaram no resultado os vencimentos de opções, que costumam movimentar liquidez significativa, e falas de Paulo Guedes e Rodrigo Maia sobre reformas e respeito ao teto de gastos, respectivamente.
Agenda da Semana |
Terça-feira, 20 03h00: Alemanha - PPI (a.m.) set. 10h00 - 14h30: EUA - discursos de representantes do Federal Reserve |
Quarta-feira, 21 08h00: México - taxa de desemprego set. (ant: 5,2%) 11h00 - 15h00: EUA - discursos de representantes do Federal Reserve |
Quinta-feira, 22 03h00: Alemanha - Confiança do consumidor nov. (ant: -1,6) 03h45: França - Confiança do negócio out. (ant: 92) 06h00: Zona do Euro - Dív Gov/Índice PIB (ant: 84,1%) 09h30: EUA - Novos pedidos de seguro-desemprego (ant: 898 mil) 11h00: Zona do Euro - confiança do consumidor out. (ant: -13,9) 11h00: EUA - venda casas existentes (a.m.) set. (exp: 3,3%; ant: 2,4%) 21h30: Japão - PMI Serviços out. (ant: 51) |
Sexta-feira, 23 04h15: França - PMI Serviços out. (ant: 47,5) 04h30: Alemanha - PMI Serviços Markit out. (exp: 49,5; ant: 50,6) 05h00: Zona do Euro - PMI Serviços Markit out. (exp: 47,5; ant: 48) 08h00: Brasil - FGV Confiança do Consumidor out (ant: 83,4) 09h00: Brasil - IPCA-15 (a.m.) out (exp BBG: 0,7%; exp XP: 0,9%; ant: 0,5%) 09h00: Brasil IPCA-15 (a.a.) out (exp BBG: 3,3%; exp XP: 3,51%; ant: 2,7%) |